Arena do Pavini - Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas, diz o ditado. E é assim que os analistas estão montando suas carteiras de ações para julho, com o máximo de cautela, prevendo um cenário ainda bastante conturbado, como foram os meses de maio e junho, quando o Índice Bovespa perdeu 10,9% e 5,2%, respectivamente. Um sinal dessa cautela é a preferência de 8 das 15 corretoras colocaram a exportadora Suzano Papel e Celulose em suas carteiras, como forma de se proteger de uma piora do cenário e uma alta mais forte do dólar.
A mesma lógica pode ser usada para Vale ON, com sete indicações. O setor financeiro, que costuma se sair bem nas turbulências e pode ser beneficiado por uma melhora da economia, também aparece com destaque, com Itaú Unibanco e sua holding, Itaúsa, B3, Banco do Brasil, e Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) entre as mais citadas. Chama a atenção a volta da ação da operadora de telefonia Oi (SA:OIBR4), que está em recuperação judicial, mas é uma das indicadas pelo BTG Pactual (SA:BPAC11).
Os preços de muitas ações caíram nos últimos meses, mas o cenário ainda é de muita incerteza para os mercados de risco, o que torna mais importante a seleção dos papeis, alertam as corretoras. A instabilidade vem tanto do cenário externo, com a expectativa de alta dos juros americanos reduzindo a liquidez e o interesse pelos mercados emergentes, quanto das atitudes protecionistas e agressivas do presidente americano Donald Trump contra a China e outros parceiros, ameaçando provocar uma guerra comercial que reduziria o crescimento global.
No Brasil, os sinais de aquecimento menor que o esperado da economia, agravados pela greve dos caminhoneiros e pela fragilidade do governo de Michel Temer, se misturam com a falta de definição do cenário político. A falta de um candidato forte de centro que garanta a continuidade da política econômica e do ajuste fiscal reduzem o apetite dos investidores pelas ações brasileiras, como mostrou a saída de R$ 5,9 bilhões de recursos de estrangeiros da bolsa em junho.
Segundo a Bradesco Corretora, o mercado precifica 70% de chance de desordem macroeconômica após as eleições com grande chance de termos uma alta dos juros, com a taxa básica Selic, hoje de 6,5% ao ano, voltando para os dois dígitos nos próximos anos. Mas, para a corretora, “os fundamentos claramente não justificam tais expectativas negativas e estamos muito no início do ciclo político para não precificar nenhum ajuste fiscal após as eleições de outubro”. O Bradesco (SA:BBDC4) não espera alta dos juros básicos este ano e vê 80% de chances do ajuste fiscal ter continuidade após as eleições.
Confira abaixo as ações mais indicadas pelas corretoras.
As preferidas das corretoras | |
Julho | Indicações |
Suzano (SA:SUZB3) | 8 |
Itaú Unibanco (SA:ITUB4) | 7 |
Vale ON (SA:VALE3) | 7 |
B3 ON (SA:B3SA3) | 5 |
Gerdau (SA:GGBR4) | 5 |
Petrobras PN (SA:PETR4) | 5 |
Rumo ON (SA:RAIL3) | 5 |
Banco do Brasil (SA:BBAS3) | 4 |
Lojas Renner (SA:LREN3) | 4 |
Pão de Açúcar (SA:PCAR4) | 4 |
B2W ON (SA:BTOW3) | 3 |
Cemig (SA:CMIG4) | 3 |
IRB Brasil (SA:IRBR3) | 3 |
Itausa (SA:ITSA4) | 3 |
Klabin (SA:KLBN11) | 3 |
Localiza (SA:RENT3) | 3 |
Sabesp ON (SA:SBSP3) | 3 |
TIM (SA:TIMP3) | 3 |
Ultrapar (SA:UGPA3) | 3 |
Novas carteiras mensais
Neste mês, várias corretoras mudaram suas carteiras mensais. O BB Investimentos, do Banco do Brasil, passou a divulgar este mês uma Carteira Fundamentalista, com dez ações selecionadas com o objetivo de superar o Índice Bovespa. A carteira fundamentalista terá revisões mensais, mas terá por essência um viés de médio-longo prazo. Fatos relevantes e outros eventos corporativos de impacto podem servir de gatilhos para inclusão ou exclusão de empresas fora dos recortes de fechamento mensal, informados pelo BB.
Outra carteira, a 5+, que tradicionalmente era composta pelos 5 papéis mais bem avaliados da carteira mensal, toma corpo e ganha independência, passando a incorporar de forma mais preponderante elementos de análise técnica-quantitativa de curto prazo, com revisões mensais. Neste mês, as indicadas são BR Properties (SA:BRPR3) ON, Magazine Luíza ON, Petrobras PN, Vale ON e WEG ON (SA:WEGE3). O banco de investimentos também passou a divulgar uma carteira de ações de dividendos.
Pedro Galdi e Fernando Bresciani passaram neste mês a assinar a carteira mensal de ações da corretora coreana Mirae Asset, que terá também sua versão semanal. A corretora investiu na montagem de um time de análise com muita experiência para reforçar sua estratégia de crescimento no país, que inclui abertura de escritórios em Porto Alegre e Brasília. Serão divulgadas carteiras de ações principal, a Meta, além de uma de Dividendos e outra de Small Caps.
Já a Magliano Investimentos, que tinha carteiras definidas pela idade dos investidores, concentrou as indicações em uma carteira para um investidor de perfil Moderado. A Carteira Recomendada será atualizada mensalmente pela equipe do experiente analista Sérgio Goldman. E haverá também uma carteira de dividendos.
A XP Investimentos criou uma plataforma digital, a XP Research e repaginou suas carteiras Recomendada e de Dividendos. A primeira terá 10 papéis, enquanto a de dividendos terá 5 papéis, e ambas serão atualizadas no primeiro dia útil do mês.
Por Arena do Pavini