Investing.com – Se a inadimplência era o principal ponto de atenção de analistas em relação ao balanço do Bradesco (BVMF:BBDC4), a repercussão indica que os custos voltados à melhoria desse indicador também podem pesar.
O presidente-executivo, Octavio de Lazari Junior, afirmou que o banco atingiu o ápice do índice de inadimplência no terceiro trimestre. O momento, agora, é de normalização do crédito e da margem com clientes, em sua visão.
O banco reportou lucro líquido recorrente de R$4,62 bilhões no terceiro trimestre, uma retração de 11,5% ante igual período do ano passado, com carteira de crédito relativamente estável e margem financeira inferior.
“Nos últimos trimestres, esperávamos que o Bradesco mostrasse duas coisas em sua divulgação de resultados: uma parada na piora da inadimplência e uma margem financeira positiva com o mercado. Quando isso finalmente aconteceu, surgiu uma nova preocupação: o NII com os clientes”, alerta a XP Investimentos (BVMF:XPBR31) em relatório divulgado aos clientes e ao mercado.
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A XP mencionou queda da margem financeira com clientes, a maior desde 2017, atribuída “a um mix de produtos mais desfavorável, spreads mais baixos e crescimento mais lento da carteira de crédito”, elencam os analistas Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre.
Segundo o BB Investimentos, o balanço foi negativo, com lucro líquido recorrente de R$ 4,62 bilhões, equivalente a um ROE trimestral de 11,4%. “O resultado foi favorecido pela tesouraria, que passou a operar no positivo, e pelas menores despesas com provisões no trimestre, em linha com a queda marginal da inadimplência sentida no período, mas contraposto pela menor margem financeira com clientes (receitas de juros)”, avalia Rafael Reis, que questiona os custos da queda na inadimplência do banco.
Ao mirar na inadimplência, o banco passou a sofrer com fraqueza do crescimento da carteira e das receitas com clientes. “Apesar da melhora na inadimplência, temos evidências de que o momento desafiador do ciclo de crédito no Bradesco deve ser mais duradouro do que anteriormente antecipado”. O BB Investimentos possui recomendação neutra para o banco, com preço-alvo de R$18,40.
Para o Itaú BBA, o balanço misto demonstra fraqueza. O lucro líquido de R$ 4,6 bilhões veio aproximadamente em linha com a projeção do banco, de R$4,3 bilhões, mas o trimestre foi fraco em receitas, com crescimento da carteira de crédito inferior aos pares.
“A razão para a pequena queda do lucro líquido foi uma redução de 11% na base trimestral nas despesas de provisão, mas a qualidade desta melhoria não é grande, uma vez que a cobertura caiu novamente. O lado positivo do trimestre é a queda na formação de NPL e os indicadores avançados positivos no varejo”, aponta o Itaú BBA, que considera que o fundo do banco já teria passado, mas que ainda será preciso enfrentar os desafios para a retomada da rentabilidade.
O Itaú BBA segue com classificação market perform para o Bradesco, com preço-alvo de R$16.
As ações do Bradesco recuavam 1,70% às 12h26 (de Brasília) desta sexta-feira, 10, cotadas a R$15.