Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa fechou em alta nesta terça-feira, após três quedas seguidas, amparado no cenário externo, particularmente o avanço de commodities, com agentes financeiros ainda especulando sobre uma eventual nova equipe econômica.
O noticiário corporativo também repercutiu no pregão, com destaque para a alta de 7 por cento de Localiza (SA:RENT3) após resultado acima do esperado.
O Ibovespa subiu 2,35 por cento, a 53.082 pontos.
O volume financeiro somou 6,3 bilhões de reais.
Na visão de profissionais da área de renda variável, o movimento das commodities, em particular a alta dos preços do petróleo, foi o principal suporte para os ganhos no Brasil, apesar da relativa fraqueza em Wall Street.
A cautela antes da decisão de política monetária do Federal Reserve prevaleceu nas bolsas em Nova York, mas o petróleo encontrou suporte no dólar mais fraco e acompanhou um rali no mercado da gasolina.
A melhora na Bovespa ocorreu após um movimento de realização de lucros em quatro de cinco pregões, após a Câmara dos Deputados ter aprovado no dia 17 de abril o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A recuperação foi endossada por novas indicações que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles deve voltar ao governo em uma eventual gestão do vice-presidente Michel Temer, caso o Senado aprove o afastamento da presidente Dilma por até 180 dias.
"Meirelles ajudaria a neutralizar os ataques de Lula e do PT, uma vez que Meirelles é, em grande medida, a personificação do que deu certo, no front da política econômica, nos anos do PT", disse o ex-diretor do BC Mario Mesquita.
Em nota a clientes comentando sobre os prós e contras entre Meirelles e o senador José Serra (PSDB-SP), que aparecem entre os mais cotados para o Ministério da Fazenda em eventual governo Temer, Mesquita disse que a vantagem de Meirelles refere-se ao impacto no mercado e nos negócios.
Mesquita, que esteve no BC durante a gestão de Meirelles e hoje está à frente da equipe de economia do banco Brasil Plural (SA:BPFF11), também tem sido ventilado na mídia como candidato para assumir algum posto em um eventual novo governo, como o comando do Banco Central.
DESTAQUES
- LOCALIZA avançou 7,22 por cento, entre as maiores altas do Ibovespa, após a empresa de gestão de frotas e aluguel de veículos divulgar lucro de 103 milhões de reais no primeiro trimestre e Ebitda de 258,4 milhões de reais.
- PETROBRAS fechou com as preferenciais em alta de 3,64 por cento, encontrando suporte no avanço do petróleo e nas expectativas políticas, particularmente o fortalecimento do nome de Meirelles para uma eventual nova equipe econômica.
- BANCO DO BRASIL subiu 4,57 por cento, capitaneando a sessão positiva para as ações de bancos, amparadas também nas apostas ligadas ao cenário político.
- VALE reverteu fraqueza inicial e encerrou com as preferenciais em alta de 4,59 por cento, na esteira do avanço de commodities em geral, apesar de novo recuo dos preços do minério.
- GERDAU (SA:GGBR4) subiu 5,79 por cento conforme papéis de siderúrgicas também ganharam fôlego durante o pregão. No caso de USIMINAS (SA:USIM5), que subiu 3 por cento, ainda esteve no radar notícia que a empresa recorreu da decisão da presidência do Cade de permitir que a rival CSN (SA:CSNA3) indique membros para o seu Conselho de Administração.
- LOJAS RENNER valorizou-se 1,75 por cento, também abandonando a queda da manhã, quando foi pressionada pelo balanço trimestral, considerado fraco. Na teleconferência sobre o resultado, a varejista disse que espera margens operacionais estáveis em 2016, mas não descarta queda.
- BTG PACTUAL, que não está no Ibovespa, subiu 6,22 por cento, após notícias de que o Supremo Tribunal Federal (STF) revogou a prisão domiciliar do banqueiro André Esteves, ex-presidente-executivo do banco de investimentos.
- BR PROPERTIES, que também não integra o Ibovespa, saltou 10,37 por cento, após a GP Investments elevar o preço na oferta pública de aquisição de ações (OPA) da empresa de investimentos em imóveis para 11 reais por ação ordinária, ante preço anterior de 10 reais por papel.