STF afasta Eduardo Cunha do mandato na Câmara (Antonio Cruz/Agência Brasil)
SÃO PAULO - Bom dia! Aqui está a sua dose diária do Espresso Financista™:
Apito inicial
A comissão especial de impeachment dá sequência ao seu rito, que segue favoravelmente – tal como esperado – ao afastamento de Dilma Rousseff, enquanto Michel Temer tenta manter o mercado convencido de que trará melhorias ao país mesmo sem o exército de notáveis nos ministérios. Temer pode ser alçado à presidência em uma semana.
A ata do Copom (Comitê de Política Monetária) e o resultado trimestral das companhias também ganham a atenção dos investidores nesta quinta-feira (5).
Temer queria um ministério composto por “notáveis”, entretanto, com o início das negociações com os partidos que farão parte da base aliada, a iniciativa foi revista, junto com a intenção de cortar o número de ministérios, segundo o Estadão.
Nome mais cotado para a Fazenda, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles deve escolher o novo nome para o cargo. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, os mais cotados são Ilan Goldfajn e Afonso Bevilaqua. Já o jornal Valor Econômico, afirma que Meirelles está entre Goldfajn e Mário Mesquita.
“Tudo ficará imprevisível a partir de agora, pois não sabemos quais serão as mudanças no BC se Temer assumir a presidência”, observa Rafael Omachi, analista da Guide Investimentos. “O mercado está esperando queda da Selic até o fim do ano”, afirma.
Na comissão especial de impeachment, os senadores discutem o parecer favorável ao afastamento da presidente Dilma Rousseff a partir das 10h. Os petistas estudam apresentar um voto em separado contra a admissibilidade do processo ou até acionar o STF (Supremo Tribunal Federal) questionando o relatório de Antonio Anastasia. O tema deve gerar polêmica com os oposicionistas, que comemoraram ontem o parecer, considerado técnico.
De acordo com Omachi, “os investidores devem operar em compasso de espera mesmo tendo a convicção de que a matéria será aprovada pela comissão”.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a direção do PT avalia que, caso Dilma seja afastada, dificilmente ela voltará à presidência. Essa é a visão de ministros e até do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na quarta-feira (4), Dilma, Lula, ministros próximos e o presidente do partido Rui Falcão se encontraram para um jantar. Ficou decidido que, em caso de derrota no Senado, Dilma irá descer a rampa do Palácio do Alvorada cercada por ministros e representantes de movimentos sociais.
Nos mercados internacionais, as bolsas chinesas encerraram em leve alta em dia de baixo volume de negócios. As bolsas europeias operam próximo da estabilidade e os índices futuros norte-americanos têm leve alta.
Os preços do petróleo saltam cerca de 3% devido a incêndio em região de extração da commodity em uma província de Alberta, no Canadá, o que afeta a produção do país.
No mercado doméstico, o destaque fica para os balanços corporativos de Braskem (SA:BRKM5), Rumo, Lojas Americanas (SA:LAME4) e Magazine Luiza (SA:MGLU3). “Os resultados de varejistas sairão depois da sessão. Ainda assim, os papéis do setor de varejo devem operar de acordo com as expectativas com o resultado”, diz Omachi.
O Banco Central não anunciou – por enquanto – nenhum leilão de swap cambial reverso – equivalente a compra de dólares no futuro. Lá fora, o dólar opera em alta em relação a moedas fortes e emergentes.
O poder e a economia
Cunha - O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki determinou o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Teori é o relator da Lava Jato no tribunal e concedeu liminar para um pedido de afastamento elaborado pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
Agenda do impeachment – A Comissão do Impeachment no Senado ouve o Advogado-Geral da União, José Eduardo Cardozo.
Em campo – A presidente Dilma Rousseff vai ao Pará para participar da cerimônia de início da operação comercial da usina hidrelétrica de Belo Monte e da entrega de casas do Programa Minha Casa, Minha Vida.
Internet – O governo federal lança a nova versão do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), chamado Brasil Inteligente, com investimentos de R$ 9 bilhões.
Homem bomba – A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado vota o relatório pela cassação do senador Delcídio do Amaral.
Taxa de juros – O Banco Central divulga a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), quando decidiu manter a Selic em 14,25% ao ano.
Partido – O PR faz programa partidário, em cadeia de rádio e TV, com duração de 10 minutos, segundo a Arko Advice.
Delação de empresas – A comissão mista que analisa a medida provisória (MP) 703, que dispõe sobre acordos de leniência, aprecia relatório.
Concessões – Comissão mista do Congresso aprecia relatório sobre a MP 706/2015, que dispõe sobre as concessões de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
O que acontece no mundo corporativo
Alegria... - A empresa de programas de fidelidade Smiles (SA:SMLE3), controlada pela Gol, teve alta de 70% no lucro líquido do primeiro trimestre sobre um ano antes, para R$ 118,4 milhões, impulsionada por salto na receita e no resultado financeiro.
... e tristeza – Já a Gol divulgou que a demanda por assentos em voos no Brasil caiu 11,5% em março na comparação anual, enquanto a oferta doméstica de assentos recuou 9,4% na mesma comparação. Assim, a taxa de ocupação no mercado doméstico caiu 1,7 ponto percentual, para 72,5% em março.
Duas rodas - A BMW anunciou que vai ter sua própria fábrica de motocicletas no Brasil, a ser instalada em Manaus, com meta de produção de mais de 10 mil motocicletas em 2017 para o mercado interno.
Promessa é dívida - A Ambev (SA:ABEV3) está preparada para apresentar melhores resultados ao longo do ano e cumprir suas projeções para 2016, depois de um primeiro trimestre com recuo no volume de vendas, disse o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da companhia, Ricardo Rittes.
Vai longe - O grupo de logística TPC, um dos maiores do Brasil, planeja aumentar a representatividade da área portuária em suas operações e mira investimentos na exportação de grãos no chamado Arco Norte, além de investimentos no Nordeste, após adquirir participação na empresa de logística portuária CMLog.
Lei do mais forte - A Localiza (SA:RENT3), maior locadora de veículos do país, encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido consolidado de R$ 103 milhões. Trata-se de um crescimento de 3% sobre o mesmo período de 2015. O resultado foi bem recebido pelos analistas, diante da recessão econômica. Agora, após uma boa largada no começo do ano, a companhia não quer perder o ritmo e se concentra em tomar espaço das rivais mais fracas.
Em choque - Uma cláusula mal redigida no acordo de acionistas da hidrelétrica de Belo Monte está na origem de um embate entre os sócios que será decidido por meio de arbitragem e poderá reduzir o retorno do empreendimento ou obrigar a estatal Eletrobras (SA:ELET3) a assumir um contrato bilionário para viabilizar a usina do Xingu, segundo a Reuters.
Mãos vazias - Os acionistas minoritários da Via Varejo (SA:VVAR11) não teriam nada a ganhar com a venda da empresa para a família Klein. A avaliação é da Citi Corretora, que afirma que o negócio não daria direito de tag along aos minoritários – a venda das ações pelo mesmo preço ofertado ao acionista controlador.
Combustível – A locadora de veículo Unidas pretende captar até R$ 30 milhões, por meio da emissão de 15 notas promissórias. Dependendo da série, os papeis podem vencer em até 730 dias. O dinheiro será usado para quitar dívidas existentes.
Fechado – A Elekeiroz (SA:ELEK4) fechou a aquisição da Nexoleum, que produz plastificantes à base de bioderivados. O patrimônio líquido da adquirida foi avaliado em R$ 28milhões. O valor do negócio não foi informado.
Para comentar mais tarde
As 20 ações do impeachment. As ações da CCR (CCRO3 (SA:CCRO3)) e da Localiza (RENT3) passaram a fazer parte da lista das 10 preferidas dos analistas de ações para maio, mostra um levantamento feito por O Financista com 20 corretoras e consultorias. Os papéis de Suzano (SA:SUZB5), Klabin (SA:KLBN4) e Hypermarcas (SA:HYPE3), por outro lado, receberam menos indicações do que as demais e deixaram o ranking. Leia mais na reportagem de Gustavo Kahil, de O Financista.