Ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, prepara campanha para substituir David Cameron (Reuters/Stefan Rousseau Pool)
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Apito inicial
As incertezas continuam provocando intensa volatilidade nos mercados globais nesta segunda-feira (27) ainda em reação aos potenciais impactos da surpreendente saída do Reino Unido da União Europeia. As bolsas europeias seguem em queda e a libra volta a despencar em relação ao dólar.
A premiê da Escócia, região onde prevaleceu o voto derrotado de “permanecer” na UE, Nicola Sturgeon, trabalha com a possibilidade de novo referendo, enquanto uma ofensiva de deputados escoceses em Londres tenta vetar o resultado do pleito. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, já avisou que vai renunciar ao cargo até outubro.
Na Espanha, eleições durante o fim de semana favoreceram o partido conservador do primeiro-ministro Mariano Rajoy que conquistou a maioria das cadeiras do parlamento. Analistas veem no eleitorado um desejo de escapar de eventuais problemas na esteira do Brexit.
Neste contexto, o mercado tende a operar sensível às reuniões de lideranças do Reino Unido e europeias, além de discursos de bancos centrais, como Janet Yellen, do Fed.
"Os efeitos de curto prazo são obviamente ligados à excessiva volatilidade, principalmente entre ativos de maior risco, entre eles bolsas de valores e mercados emergentes como o Brasil. O temor de um risco sistêmico, dada a fragilidade da economia mundial e local é a preocupação crescente”, interpreta a equipe da gestora Infinity.
O pessimismo externo abalou o Ibovespa na sexta-feira, com perdas de 2,8%, ao fim de uma semana positiva a Michel Temer, com vitórias no Congresso. Agora o governo pretende avançar em medidas como a reforma da Previdência. Além disso, segundo a Folha de S.Paulo, Temer pretende fornecer R$ 4 bilhões em crédito para pequenas e médias empresas.
O poder e a economia
Focus - A expectativa para a alta dos preços neste ano continuou se deteriorando mesmo depois de a prévia da inflação oficial ter mostrado algum alívio em junho, e levou especialistas a elevarem a perspectiva para a taxa básica de juros em 2016.
Reprovado - O índice de desaprovação de Temer - agora mais conhecido entre os brasileiros - oscila quase na mesma faixa da de Dilma, segundo pesquisa do instituto Ipsos, divulgada em O Estado de S. Paulo. Um total de 70% reprova o presidente interino contra 75% da afastada.
Confiança - A confiança do consumidor brasileiro avançou em junho pela segunda vez seguida diante de nova melhora nas expectativas e chegou ao maior nível em um ano, informou nesta segunda-feira a Fundação Getulio Vargas.
Conteúdo local - O TCU confirmou o que todo mundo já suspeitava: a política de conteúdo local é um baita desastre. Um relatório do Tribunal obtido pelo Valor declara que a estratégia colocada em prática, desde 2003, à força no setor de petróleo e gás é ideológica, danosa e tem a Petrobras (SA:PETR4) como a principal vítima.
À venda - O petista Fernando Pimentel deve entrar na lista de governadores que devem se desfazer de ativos para levantar recursos e pagar dívidas com o governo federal. O secretário de governo, Odair Cunha, disse ao Valor Pro que não está fechado para essa ideia. Os mineiros são acionistas majoritários de empresas como a Cemig (SA:CMIG4) e a Copasa (SA:CSMG3).
O que acontece no mundo corporativo
Gerdau (SA:GGBR4) - A holding Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) informou ao mercado no final de semana incorporação da Gerdau BG, subsidiária da companhia e avaliada em cerca de 536 milhões de reais, em meio a um processo de simplificação da estrutura societária e de controle.
BTG - Documentos obtidos pelo jornal Valor apontam que o BTG Pactual (SA:BBTG11) depositou R$ 1 milhão em uma conta usada para pagar os gastos de campanha de Eduardo Cunha à presidência da Câmara. O banco informou que a doação ocorreu dentro dos padrões legais.
Bancos - O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) chama atenção no relatório anual divulgado no domingo (26) para a elevada exposição do setor bancário brasileiro à dívida pública. Com exposição equivalente a cerca de 20% dos ativos aos papéis do governo, o Brasil faz parte do grupo de cinco nações - junto com Índia, Itália, México e Japão - onde os bancos são mais expostos às contas públicas.
Para comentar mais tarde
"Não se pode deixar os políticos muito confortáveis". Luiz Cezar Fernandes, fundador do antigo Pactual, embrião do atual BTG Pactual, acha que o mercado não pode se contentar com a sinalização positiva do governo. A pressão sobre os políticos deve continuar, a fim de que as reformas estruturais sejam feitas. Fernandes também vê com preocupação a capacidade de o governo atrair investidores, a situação dos produtores rurais e a oferta de crédito no país. Leia mais na entrevista concedida a Márcio Juliboni, de O Financista.