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Gestores da Amazônia Capital pregam otimismo cauteloso com ações

Publicado 24.05.2016, 10:01
© Reuters.  Gestores da Amazônia Capital pregam otimismo cauteloso com ações
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Fundo da Amazônia Capital aplica em ações da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett (Nicholas Kamm/AFP)

SÃO PAULO - A mudança de governo trouxe otimismo quanto à prescrição do remédio correto na economia, mas a estratégia na Bolsa segue conservadora em priorizar ações de empresas vencedoras em seus ramos de atuação. É assim que Diogo Lisa de Figueiredo e Helio Kwon conduzem os investimentos da gestora independente Amazônia Capital, empenhada em comprar papéis de companhias que negociam abaixo do preço considerado justo.

"O diagnóstico todo mundo já conhece, resta ver como será principalmente essa interação entre Executivo e Congresso para as coisas andarem", avaliam os sócios-fundadores da Amazônia em entrevista a O Financista. Ambos trabalham juntos desde 2007 garimpando oportunidades na renda variável com olhos no longo prazo.

A novidade da carteira atual da Amazônia é a redução da exposição em Itaú (SA:ITUB4) e aumento da fatia em Porto Seguro. São as maiores posições do fundo que investe também em Linx, Daycoval, Iguatemi (SA:IGTA3), Wilson Sons e nas norte-americanas IBM (NYSE:IBM) e Berkshire Hathaway, empresa do bilionário Warren Buffett.

Atentos aos resultados das empresas no primeiro trimestre, Diogo e Helio reiteram o foco em preservação de capital. "Em geral avaliamos que está tudo muito negativo, com empresas apresentando números ruins. Funciona a mesma coisa para o governo. Está ruim hoje. Será que melhora nos próximos dois, três anos?".

Durante a conversa, os gestores falaram sobre as primeiras impressões do governo Michel Temer, detalharam a busca por empresas vencedoras na Bovespa e apresentaram a análise sobre cases atuais e antigos, como Itaú e Natura (SA:NATU3). Veja, abaixo, os principais trechos:

Governo Temer

Caminhávamos para um desfecho horroroso, uma marcha rápida ao abismo. Isso parou, a princípio. As pessoas do governo hoje são menos ideológicas e mais pragmáticas, então será mais fácil apresentar propostas de reformas e ajustes necessários.

Neste sentido, estamos otimistas com as propostas que virão do Executivo para o Congresso. Também sentimos que a receptividade no Congresso não será tão refratária porque está vindo de um governo mais entendedor da realidade. Seria diferente se essas mesmas propostas viessem do governo anterior - haveria mais reação negativa.

Criou-se então uma pequena janela de oportunidade nos próximos meses de as coisas andarem com relação ao Executivo e ao Congresso. Os próximos meses devem ditar os próximos dois anos e meio.

Aumentamos levemente a exposição ao risco. Diminuímos a parcela de caixa e compramos, marginalmente, algumas posições que já tínhamos no momento pré-impeachment esperando uma reação mais positiva do mercado. Penso que a reação foi até um pouco menor do que se esperava, mas positiva.

Há um pequeno período de lua de mel em sintonia com medidas econômicas que apontarão a uma direção mais correta.

Creio que há espaço para decepção, mais por uma questão de conceito. Como durante a gestão Dilma, não esperávamos mais nada, sem esperança, era fácil não se decepcionar. Ao trazer um pouco de esperança, uma nova oportunidade de mudar os rumos da política econômica, acho que abre espaço para alguma decepção. Finalmente, esperamos algo do governo.

Privatizações

Esperamos novidades favoráveis na área de privatizações. Isso pode dar um ânimo bem interessante ao mercado e mostrar que esse governo não é ideológico, e sim mais pragmático. Precisa levantar caixa, com marcos regulatórios mais pró-mercado. Essa sinalização é muito importante porque apetite, vontade e retorno fazem todo o sentido aos investidores diante das taxas de juros muito baixas lá fora. O mínimo de sinalização positiva atrairá interesse.

Vencedoras

Observando a temporada de resultados, em geral, avaliamos que está tudo muito negativo. As empresas estão apresentando resultados ruins. Olhar balanço hoje é bem desanimador. Cabe a mesma comparação com o governo. Está ruim hoje? Será que melhora nos próximos dois, três anos?

Em 2015, a nossa postura conservadora em buscar empresas que passaram pela turbulência do mar com um navio mais sólido fez com que caíssemos menos. Além de nossa estratégia de hedge e proteção dos ativos. Este ano não tem sido diferente.

Buscamos as melhores empresas, aquelas não imunes, porém mais resilientes. O preço da ação vai convergir à verdade dos fundamentos da empresa. Passado esse momento ruim são elas que vão surgir da crise muito mais fortes do que entraram. Estamos com essa cabeça, bem conservadora, buscando as campeãs de cada setor, eventualmente fazendo proteções e alguma posição em caixa e buscando oportunidade de rentabilizar a carteira via alguns instrumentos de opções para gerar um dividendo extra, de forma bem conservadora.

Percebemos que, principalmente em um país como o Brasil, para investir em valor você precisa investir nas campeãs.

Itaú

Reduzimos a posição em Itaú e aumentamos em outra instituição financeira: a Porto Seguro. A diretoria do Itaú tem sido bem realista nos calls, bem honesta, demonstrando que esse ano será muito difícil, com possibilidade bem concreta de queda no lucro. Quando foi isso foi divulgado no guidance passado, até surpreendeu um pouco, não acreditávamos que poderia chegar a cair 10%, 15% o lucro neste ano. Mas pode. Isso nos deixou um pouco mais conservadores em Itaú. Olhando em horizonte mais longo além de 2016, continuamos com viés bem positivo em relação à empresa, considerando as vantagens competitivas e as qualidade do banco.

O Itaú é uma empresa que tem 60 anos e não chegou nessa posição por acaso. Este é o ponto fundamental da nossa análise. Será que tudo que o banco construiu em 60 anos está em risco por causa de 2016 e 2017? Se sim, não deveríamos investir. Se não, realmente é uma tempestade que ele precisa passar e, depois, sairá mais forte. É nessas horas que vemos quem realmente tem o earnings power sólido, quem vai passar e falar: "passei, agora eu sou mais forte". A venda do HSBC ao Bradesco (SA:BBDC4), por exemplo, representa um player a menos no mercado. Ou seja, quando isso passar, o Itaú será mais forte porque tem um player a menos. Se 2016 e 2017 não afetarem essa história de longo prazo do Itaú, não tem por que ficarmos desesperados. A capacidade de geração de lucro dessa máquina chamada Itaú não vai parar.

A marca do Itaú é a mais forte do Brasil. Fica com 40% do lucro de todo setor financeiro do país. É uma posição muito sólida. Há algo interessante nesse setor, lembrado sempre por Warren Buffett ao falar de Wells Fargo, que é o switching cost. Os bancos comerciais conseguem cobrar dos clientes taxas em serviços porque há um custo de troca importante e que passa meio desapercebido. Em dez anos, quando você trocou de banco?

Blue chips

É ilusão crer que entraremos em grandes empresas como Itaú, Ambev (SA:ABEV3), Raia Drogasil (SA:RADL3), Ultrapar (SA:UGPA3), negócios inquestionáveis, quando as coisas estão indo bem. Você não vai comprar quando o Brasil está bombando, na capa da The Economist, em momento de euforia. Isso não vai acontecer ou você comprará em um preço errado. Precisamos guardar um pouco da serenidade e saber que compraremos esses grandes ativos do Brasil em um momento em que todo mundo dirá que você está ficando louco. Impossível comprar um apartamento no Leblon quando achavam que o Brasil se tornaria a nova Dinamarca. Hoje não sei como está o mercado no Leblon. No Jardins eu sei que melhorou, hoje você compra um apartamento muito melhor lá do que comprava em 2011. É mais ou menos assim que olhamos para o Itaú e que pensamos nossa carteira para 2016.

Porto Seguro

Em nossa dinâmica de trabalho achamos que conseguimos acompanhar muito bem umas 40 empresas. Dentro dessa amostra, estamos atentos quando surgir uma barganha. Porto Seguro (citada acima) é um exemplo. Adicionamos mais Porto Seguro. É aquela história de empresa líder, super bem posicionada, altíssima vantagem competitiva em um ótimo canal de distribuição.

Varejistas

Faz tempo que não temos mais Guararapes, mas continuamos acompanhando. A situação está muito difícil. Mesmo a Renner (SA:LREN3), que vinha apresentando resultados fantásticos, deu uma engasgada nesse primeiro trimestre. Ainda está cedo para colocar o pé nesse setor, o varejo está muito machucado, as pessoas ainda estão muito retraídas, endividadas. Acho que vai demorar um pouco ainda para voltar.

Natura

Entramos e saímos de Natura em 2013. Tínhamos comprado com uma cabeça de que a Natura era um Itaú. Achamos que tínhamos acertado, mas erramos. Ainda conseguimos ganhar dinheiro. O lucro da Natura caiu 40% desde quando compramos. Não se trata de algo circunstancial, talvez eles realmente tenham perdido o earnings power, o que é muito diferente do Itaú.

A Natura tinha uma máquina de gerar lucro de R$ 900 milhões por ano. Hoje eu não sei se gera tudo isso. Talvez por questionamentos sobre o modelo de venda indireta, ela está abrindo loja física. Vive um processo do “para onde vamos?”. Esses R$ 900 milhões não serão mais recorrentes. Há uma mudança estrutural na empresa que gera uma incerteza muito grande sobre a geração de lucro da máquina. Foi por isso que saímos. Erramos na avaliação, mas percebemos o erro muito antes da queda. É uma empresa que continuamos olhando para entender realmente qual vai ser a capacidade de geração de lucro dessa marca, que não é mais a mesma de antes.

Foi um aprendizado em Natura. Os maiores erros de avaliação foram o ambiente competitivo e a questão da força da marca. Achávamos que isso a deixaria em uma posição privilegiada no ambiente competitivo, mas não é bem assim.

Há muita coisa que acontece no seu dia-a-dia, não só do profissional ou do mercado, que não está no nosso controle. São eventos que podem ser favoráveis ou desfavoráveis. E isso traz um senso de humildade grande. Não se pode ter a ilusão de que, se fizermos o nosso trabalho 100% certo, não erraremos. Porque tem coisas que não são do nosso controle, e a sorte pode ser favorável ou desfavorável. Mas, ao trabalhar bem, tentamos trazer a sorte para o nosso lado.

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