Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, assegurando um desempenho positivo na primeira semana de novembro, quando uma bateria de resultados corporativos dividiu as atenções com as negociações sobre a PEC dos Precatórios.
O movimento em praças internacionais avalizou a performance brasileira no período, com novas máximas em Wall St em meio a dados positivos da economia norte-americana, enquanto o Federal Reserve deu o primeiro passo para mudar sua política monetária, sem sobressaltos.
"Apesar de ter sido uma semana curta no Brasil, com feriado (na terça-feira), não deixou de ser intensa", resumiu o diretor de investimentos da BS2 Asset, Mauro Orefice.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou a sexta-feira com acréscimo de 1,37%, a 104.824,23 pontos, acumulando alta de 1,28% na semana, após duas perdas semanais seguidas.
Tal desempenho também veio após quatro meses consecutivos no vermelho, em que contabilizou declínio de mais de 18%. Em 2021, o Ibovespa ainda registra queda de 11,93%.
No Brasil, a tramitação da PEC dos Precatórios, que abre espaço fiscal para um programa social que vai durar até o final de 2022, quando o presidente Jair Bolsonaro deve tentar a reeleição, adicionou volatilidade na semana.
A aprovação apertada em primeiro turno na Câmara dos Deputados trouxe receio sobre se o texto passaria na segunda votação na Casa, necessária para seguir ao Senado. Nesta sexta, porém, o presidente da Câmara buscou amenizar os ânimos.
Arthur Lira (PP-AL) garantiu que a PEC será aprovada em segundo turno na Casa, inclusive com mais votos do que na primeira votação. A previsão é de que a votação ocorra na próxima semana.
Apesar das fortes críticas na ocasião do anúncio da proposta, o mercado se resignou de que a PEC é opção possível para a adoção do chamado "Auxílio Brasil".
"Ainda é ruim, mas é o menos ruim. E com um desfecho é possível precificar o tamanho do problema", afirmou um gestor de uma empresa ligada à previdência complementar. "A incerteza em torno dessa questão deixa o tamanho do estrago em aberto."
A safra de balanços também fez preço, com a semana incluindo os números de Itaú Unibanco (SA:ITUB4), Bradesco (SA:BBDC4), XP (NASDAQ:XP) (SA:XPBR31), Ultrapar (SA:UGPA3), Cielo (SA:CIEL3), Banco Inter (SA:BIDI11), GPA (SA:PCAR3), Embraer (SA:EMBR3) e Mercado Livre (NASDAQ:MELI) (SA:MELI34), entre outros.
A semana ainda contou com detalhes do IPO do Nubank nos EUA, avanço na fusão de Lojas Americanas (SA:LAME4) com Americanas (SA:AMER3) e escolha de consórcios com PetroRio (SA:PRIO3) para negociações com Petrobras (SA:PETR4).
Outro foco de atenção ainda se voltou para o leilão do serviço 5G no país, promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com Telefônica Brasil (SA:VIVT3), TIM (SA:TIMS3) e Claro conseguindo os principais lotes.
Nos Estados Unidos, o banco central anunciou na quarta-feira redução do seu programa de compra de ativos a partir deste mês, mas reiterou a visão de que a alta inflação seria transitória e provavelmente não levaria a um aumento mais rápido dos juros.
Da agenda econômica norte-americana, o destaque ficou para o final da semana, com números do mercado de trabalho corroborando perspectivas positivas para a atividade econômica dos EUA no começo do quarto trimestre.
Os destaques positivos na semana foram Banco Inter UNIT (+30,06%), Banco Inter PN (SA:BIDI4) (+26,82) e Lojas Americanas PN (+25,88%). Vale ON (SA:VALE3), com queda de 10,47%; GPA ON, com perda de 9,13%; e Usiminas (SA:USIM5) PNA, com recuo de 9,06%, foram as maiores baixas.
O volume financeiro na bolsa nesta sexta-feira somou 31,5 bilhões de reais.