Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa desacelerou fortemente as perdas nesta segunda-feira, após cair mais de 6 por cento mais cedo e trabalhar em níveis desde meados de 2009 contaminado pelo pânico que dominou mercados globais por temores com a economia chinesa.
A reação da bolsa brasileira acompanhava a diminuição das perdas nas praças acionárias no exterior, onde o S&P, por exemplo, caía 2,7 por cento, após recuar mais de 9 por cento no pior momento.
Ainda assim, o índice de referência do mercado acionário doméstico situava-se nas mínimas em cerca de dois anos
Às 15h46, horário de Brasília, o Ibovespa caía 2,06 por cento, a 44.778,22 pontos. O volume financeiro somava 5,7 bilhões de reais.
A queda de mais de 8,6 por cento no índice SSE, da bolsa de Xangai, deflagrou forte aversão a risco nos mercados globais loco cedo.
A reação decorreu da apreensão entre agentes financeiros de que não estão surtindo efeito medidas do governo da segunda maior economia do mundo para conter o declínio nas bolsas e a desaceleração econômica naquele país.
Na bolsa paulista, o Ibovespa caiu 6,5 por cento, a 42.749 pontos, na mínima do dia.
"Passado o 'modo pânico', a bolsa tende a reagir um pouco conforme os investidores começam a fazer contas", disse o chefe da mesa de renda variável da corretora de um banco estrangeiro em São Paulo.
O quadro político doméstico também seguia no radar, com agentes financeiros atentos ao anúncio de que o governo federal fará uma reforma administrativa que deve incluir a redução de 10 ministérios dos 39 existentes atualmente, entre outras medidas.
Também repercutia notícia de que o vice-presidente Michel Temer deixou nesta segunda-feira o comando da articulação política do governo da presidente Dilma Rousseff, conforme disse à Reuters uma fonte próxima ao setor de articulação do Planalto.
DESTAQUES
=VALE (SA:VALE5) (SA:VALE3) tinha queda de 6,8 por cento nas preferenciais de classe A, em meio aos temores sobre a China, uma vez que uma desaceleração mais forte naquele país tende a trazer impactos relevantes sobre o preço de commodities. Os preços do minério de ferro na China recuaram nesta segunda-feira, com os contratos futuros atingindo limite diário de queda. Na mínima, Vale PNA caiu 11,6 por cento.
=USIMINAS (SA:USIM5) caía mais de 8 por cento, entre as maiores quedas do Ibovespa, também afetada pelas apreensões ligadas à economia chinesa, com relatórios do Itaú (SA:ITSA4) BBA e do Credit Suisse negativos sobre o setor. No caso do Itaú BBA, o analista abre sua análise afirmando que boas notícias para as siderúrgicas e mineradoras brasileiras são improváveis por ora. CSN (SA:CSNA3) perdia 5,25 por cento e GERDAU (SA:GGBR4) caía 5,8 por cento.
=PETROBRAS (SA:PETR4) (SA:PETR3) mostrava queda de mais de 4 por cento nas preferenciais em meio ao declínio acentuado dos preços do petróleo no exterior. Mais cedo, Petrobras PN recuou mais de 9 por cento.
=ITAÚ UNIBANCO (SA:ITUB4) também diminuiu o declínio e negociava em baixa de 0,7 por cento, mesmo movimento registrado por BRADESCO (SA:BBDC4), em baixa de 0,4 por cento.
=TIM PARTICIPAÇÕES (SA:TIMP3) caía mais de 4,5 por cento, também afetada pela notícia de que a TELEFÔNICA BRASIL não está mais disposta a fatiar a companhia controlada pela Telecom Italia e mira a Sky, do grupo AT&T, segundo reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira. O Credit Suisse avaliou também que a notícia seja negativa para OI (SA:OIBR4), que caía 8 por cento, pois uma potencial compra da empresa não é mencionada, conforme nota a clientes.