Investing.com — O mercado reagiu mal aos dados financeiros da multinacional de alimentos JBS (BVMF:JBSS3), que reportou no primeiro trimestre um prejuízo líquido de R$1,5 bilhão, contra um lucro líquido de R$5,142 bilhões de igual período do ano passado.
Por volta das 10h45, os papéis despencavam 11,39%, a R$15,33, mas recuperaram parte das perdas. Às 11h45 (de Brasília), as ações caíam 7,98%, a R$15,92, a maior perda do Ibovespa, que revertia as baixas e subia 0,22%, a 108.494 pontos.
No consolidado, a companhia anunciou uma receita líquida de R$86,7 bi, retração anual de 4,6%. O lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado totalizou de R$2,2 bilhões, uma diminuição de 78,6% na mesma comparação, com margem Ebitda ajustada de 2,5%, diminuição de 8,6 pontos percentuais.
Em release de resultados, a JBS disse que, conforme apontou anteriormente, “enfrentaria a alta de custos dos insumos, inflação persistente e o desequilíbrio entre oferta e demanda, além deste ser tradicionalmente um período mais fraco para a indústria global de proteínas. Todas as movimentações necessárias para reduzir o impacto dessas circunstâncias foram adotadas”, destacou a companhia.
Nos Estados Unidos, a JBS disse ter enfrentado preço elevado de gado e um achatamento da margem. “Os próximos trimestres nos Estados Unidos são historicamente mais fortes com o barbecue season, no qual o consumo de proteínas e de alimentos preparados aumenta. Também observamos que as condições de logística global estão melhorando, com uma redução nos custos de contêineres que beneficia as exportações para a Ásia”, ponderou a companhia.
Após a apresentação dos indicadores, em relatório divulgado aos clientes e ao mercado, o banco Goldman Sachs (NYSE:GS) considerou os resultados fracos e Ebitda abaixo das expectativas, com margens pressionadas diante de condições desafiadoras. “A administração compartilhou um tom positivo para o futuro, destacando a temporada de grelhados nos EUA e custos de grãos mais baixos para a Seara, mas, com os resultados fracos relatados hoje e a revisão para baixo da orientação de Tyson nesta semana, acreditamos que a relação risco/recompensa de curto prazo pode ser desviado para o lado negativo”, ressaltou o analista Thiago Bortoluci. O Goldman Sachs possui classificação de compra para as ações, com preço-alvo de R$26,10.
Também em relatório, o banco Santander (BVMF:SANB11) reforçou a distância frente às projeções devido à sazonalidade e ciclo do gado. Ainda que a expectativa dos analistas Rodrigo Almeida e Laura Hirata seja de melhores resultados futuros mediante condições mais favoráveis, com preço melhor e custos mais baixos, a tendência é de revisões de lucros para baixo por consenso e reação negativa do mercado.
Os analistas ainda demonstraram preocupação com o consumo de caixa em torno de R$ 6 bilhões entre os meses de janeiro e março, “em grande parte devido à redução da conta de fornecedores (não relacionados ao financiamento de fornecedores, como outras empresas relataram), bem como estoques mais altos que foram parcialmente compensados por uma redução nas contas a receber.”. No entanto, os analistas ponderam que uma possível liberação de capital de giro de US$1,2 bilhão apontada pela empresa é um ponto positivo. O Santander possui recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$22,50.
Saúde financeira
Até o balanço a saúde financeira da companhia de consumo básico era considerada como excelente, segundo média dos relatórios de analistas compiladas pela plataforma InvestingPRO. Para mais dados de histórico financeiro, acesse o InvestingPRO.