Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A posse de Alexandre Barreto de Souza no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) fez a Kroton (SA:KROT3) mudar de estratégia para tentar obter o aval do órgão à fusão com a Estácio Participações (SA:ESTC3) anunciada no ano passado, disse à Reuters uma pessoa com conhecimento direto das negociações.
Segundo a fonte, a Kroton teria sondado a Estácio sobre pedir que o julgamento do acordo fosse adiado, mas a ideia foi abandonada após anúncio da posse de Barreto na véspera.
"A entrada do Barreto reacendeu a esperança de sair esse acordo por causa do perfil técnico dele", disse a fonte, na condição de anonimato.
Outro conselheiro nomeado para compor o colegiado do Cade, Maurício Oscar Bandeira Maia, ainda não tomou posse. Mas ele pode decidir assumir o cargo até 30 dias após a nomeação.
Segundo a fonte, a expectativa das empresas é de que Maia assuma o posto antes do dia 28, elevando a chance de mudança no placar de votação, que parecia inclinado a reprovar a fusão.
Na quarta-feira, a Reuters publicou que a falta de consenso entre os membros do Cade sobre os remédios para fusão entre as empresas criava entraves à liberação do acordo e que a Kroton já estaria preparando os acionistas para uma resposta negativa, de acordo com duas fontes próximas às negociações.
Não havia nesta sexta-feira nenhum pedido formal no Cade para adiar o julgamento, que está marcado para 28 de junho.
A compra da Estácio pela Kroton por 5,5 bilhões de reais foi aprovada por acionistas das companhias em agosto de 2016 e enviada ao Cade no fim do mesmo mês.
A autarquia tem até 27 de julho para proferir uma decisão sobre o negócio. Se houver pedido de vista na sessão do dia 28, o Cade terá que convocar uma sessão extraordinária durante o recesso de julho para encerrar o julgamento.
Às 14h38, a ação da Kroton subia 1,2 por cento, enquanto a da Estácio avançava 1,25 por cento.
(Com reportagem adicional de Leonardo Goy)