BNDES tem grandes participações no setor de papel e celulose (Divulgação/Suzano Papel e Celulose)
SÃO PAULO – O mercado começa a calcular os impactos para as ações de algumas empresas caso o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) decida vender as participações que detêm em companhias de capital aberto.
O banco pode ser levado a se desfazer de sua carteira para pagar sua dívida com o Tesouro Nacional e para levantar dinheiro para financiar projetos de infraestrutura.
O BNDES detém participações em 30 empresas de capital aberto (veja tabela abaixo), com fatias que valem cerca de R$ 51 bilhões em valor de mercado, segundo a equipe de análise do BTG Pactual (SA:BBTG11). As participações estão concentradas em empresas de energia, mineração, papel e celulose, bens de capital, alimentos e bebidas e setores de telecomunicações e tecnologia.
Os analistas do BTG fizeram uma estimativa com base na fatia de mercado que o banco de desenvolvimento tem em algumas empresas e no volume de negociação diário das ações para identificar as empresas que seriam mais expostas à pressão de venda.
A conclusão é que a pressão seria maior para Fibria (SA:FIBR3), cujo valor de mercado da participação do BNDES equivale a 97 dias de negociação da ação, seguida por Tupy (82 dias), AES Tietê (SA:TIET4) (72 dias) e JBS (63 dias). Por conta disso, é de se esperar que participações excessivamente grandes (algumas chegam a 30% do capital da empresa) sejam vendidas em blocos no mercado, e não tudo de uma vez.
Em alguns casos, os analistas acreditam que os efeitos positivos do aumento da liquidez das ações pode superam os negativos do grande bloco de ações. Empresas de alta qualidade com relativamente baixa liquidez devem ser as mais beneficiadas. O BTG destaca os casos de Linx, Tupy e Iochpe-Maxion (SA:MYPK3).
“Dada a situação financeira difícil das contas públicas do Brasil, uma maneira de levantar algum dinheiro extra para financiar projetos-chave de infraestrutura poderia ser o BNDES vender parte (ou a totalidade) de suas participações em empresas abertas brasileiras”, disseram os estrategistas do BTG Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira.
O banco JPMorgan também cita o esforço do banco de fomento para antecipar os pagamentos de dívidas para o Tesouro. “Esperamos que o portfólio de US$ 15 bilhões (3% da capitalização de mercado do Brasil) possa ser uma fonte de financiamento em um ambiente fiscal de austeridade”, avalia Pedro Martins Junior, estrategista-chefe de ações para a América Latina do JPMorgan.
Ontem o governo do presidente em exercício, Michel Temer, anunciou que o BNDES devolverá R$ 100 bilhões ao Tesouro Nacional, em três parcelas anuais, sendo a primeira de R$ 40 bilhões e mais duas de R$ 30 bilhões.
Participações do BNDES | |||
Companhia | Fatia em % | Fatia em R$ | Volume negociado diariamente |
Setor de óleo, gás e quimíco | |||
Petrobras (SA:PETR4) (PETR3 (SA:PETR3)) | 10% | R$ 8,235 bilhões | R$ 153 milhões |
Petrobras (PETR4) | 26,8% | R$ 12,775 bilhões | R$ 617 milhões |
Braskem (SA:BRKM5) | 2,3% | R$ 154 milhões | R$ 35 milhões |
Setor elétrico | |||
AES Tietê (TIET11) | 28,3% | R$ 1,563 bilhão | R$ 22 milhões |
Cemig (SA:CMIG4) (CMIG3 (SA:CMIG3)) | 12,9% | R$ 317 milhões | R$ 1 milhão |
Cemig (CMIG4) | 3,1% | R$ 141 milhões | R$ 51 milhões |
Copasa (SA:CSMG3) | 3,7% | R$ 114 milhões | R$ 6 milhões |
CPFL (CPFE3 (SA:CPFE3)) | 6,7% | R$ 1,287 bilhão | R$ 38 milhões |
Copel (SA:CPLE6) | 21,3% | R$ 657 milhões | R$ 22 milhões |
Copel (CPLE3 (SA:CPLE3)) | 26,4% | R$ 630 milhões | - |
Eletrobras (SA:ELET3) | 19,9% | R$ 1,650 bilhão | R$ 19 milhões |
Eletrobras (ELET6 (SA:ELET6)) | 13,9% | R$ 452 milhões | R$ 27 milhões |
Equatorial (SA:EQTL3) (ECTL3) | 1,6% | R$ 149 milhões | R$ 50 milhões |
Energisa (SA:ENGI4) | 0,9% | R$ 19 milhões | - |
Light (SA:LIGT3) | 9,4% | R$ 159 milhões | R$ 12 milhões |
Renova (RNEW11 (SA:RNEW11)) | 8,8% | R$ 143 milhões | - |
Tractebel (SA:TBLE3) | 1% | R$ 224 milhões | R$ 35 milhões |
Taesa (TAEE11 (SA:TAEE11)) | 2,6% | R$ 173 milhões | R$ 12 milhões |
Mineração e siderurgia | |||
Vale (VALE3 (SA:VALE3)) | 6,4% | R$ 2,980 bilhões | R$ 173 milhões |
Vale (VALE5 (SA:VALE5)) | 3,3% | R$ 761 milhões | R$ 569 milhões |
Gerdau (SA:GGBR4) (GGBR3 (SA:GGBR3)) | 0,6% | R$ 15 milhões | R$ 2 milhões |
Gerdau (GGBR4) | 1,9% | R$ 125 milhões | R$ 126 milhões |
Papel e celulose | |||
Fibria (FIBR3) | 29,1% | R$ 5,134 bilhões | R$ 53 milhões |
Klabin (SA:KLBN4) (KLBN11 (SA:KLBN11)) | 4,5% | R$ 770 milhões | R$ 62 milhões |
Suzano (SA:SUZB5) | 6,9% | R$ 729 milhões | R$ 73 milhões |
Bens de capital, aviação e infraestrutura | |||
Ecorodovias (SA:ECOR3) | 3,8% | R$ 162 milhões | R$ 27 milhões |
Embraer (SA:EMBR3) | 5,4% | R$ 754 milhões | R$ 47 milhões |
Iochpe-Maxion (MYPK3) | 8,7% | R$ 120 milhões | R$ 10 milhões |
Rumo (RUMO3 (SA:RUMO3)) | 8% | R$ 421 milhões | R$ 64 milhões |
Tupy (TUPY3 (SA:TUPY3)) | 28,2% | R$ 532 milhões | R$ 7 milhões |
Bebida e comida | |||
JBS (JBSS3 (SA:JBSS3)) | 21,3% | R$ 6,415 bilhões | R$ 103 milhões |
Marfrig (SA:MRFG3) | 19,6% | R$ 645 milhões | R$ 19 milhões |
Telecomunicações e tecnologia | |||
Oi (SA:OIBR4) (OIBR3 (SA:OIBR3)) | 5,7% | R$ 31 milhões | R$ 5 milhões |
Linx (LINX3 (SA:LINX3)) | 6,9% | R$ 152 milhões | R$ 4 milhões |
Totvs (SA:TOTS3) | 4,5% | R$ 198 milhões | R$ 15 milhões |
Fonte: BTG Pactual |