Investing.com – Em um relatório enviado aos clientes, o UBS constatou que os problemas na cadeia de suprimentos, que vinham afetando o setor industrial por meses, praticamente acabaram, permitindo uma retomada da produção. No entanto, tal recuperação não ocorreu isenta de desafios, na medida em que a indústria parece não estar controlando adequadamente a produção, o que pode prejudicar os preços e as margens. Os analistas do banco agora expressam preocupação com o futuro do mercado, especialmente em relação às fabricantes originais de equipamentos (OEMs, na sigla em inglês) e seus fornecedores.
O setor automotivo, que sofreu com interrupções na cadeia de fornecimento desde o começo da pandemia, parecia estar se recuperando, diante da redução desses obstáculos. Entretanto, o novo impulso foi acompanhado por sinais de superprodução, o que poderia acarretar uma tendência negativa de preços/mix. Apesar da possibilidade de as OEMs poderem aumentar sua receita, isso também pode acabar pressionando suas margens de lucro para baixo.
Vários fatores estão contribuindo para esse cenário, segundo especialistas do setor. Um fator-chave é a falta de disciplina entre os fabricantes para reduzir a produção, mesmo no momento em que o mercado começa a mostrar sinais de saturação. Isso deve aumentar a competição de preços nos próximos trimestres.
Além disso, os fornecedores, que esperavam se beneficiar do aumento do volume na indústria, não estão colhendo os benefícios esperados. Vários fatores estão restringindo o crescimento dos lucros, inclusive por custos mais altos, adiamento de renegociações de preços e uma mudança marcante na participação de mercado, em direção a fabricantes de veículos elétricos, como a Tesla (NASDAQ:TSLA) e OEMs chinesas. Essa mudança na dinâmica de mercado deixou muitos fornecedores sub-representados em sua base de clientes, impactando seus resultados financeiros.
Uma das principais preocupações entre os analistas é o desempenho futuro das OEMs quando seus pedidos em carteira se esgotarem, em conjunto com a falta de novas encomendas robustas, sobretudo para veículos elétricos. Esse cenário pode representar problemas para a indústria nos próximos trimestres.
Diante desses desafios, o UBS apresentou recomendações para investidores no setor automotivo. Eles sugerem que, devido à competição cada vez maior de preços e à possível pressão sobre as margens, as OEMs de luxo podem estar em melhor posição do que seus concorrentes de mercado de massa no curto prazo.
Para os fornecedores, a expansão das margens de lucro devido à alavancagem operacional no crescimento do volume deve ser mais limitada do que inicialmente previsto. Isso ressalta a importância das estratégias de preços para garantir a rentabilidade.
À medida que os investidores enfrentam as mudanças nas dinâmicas da indústria automotiva, cinco principais escolhas emergiram, entre as quais estão Mercedes (ETR:MBGn), Porsche AG (ETR:P911_p), Michelin (EPA:MICP), Valeo (EPA:VLOF) e Vitesco (ETR:VTSCn). Por outro lado, Plastic Omnium (EPA:PLOF) e Volvo Car (ST:VOLCARb) estão entre as escolhas menos recomendadas, refletindo os desafios que podem enfrentar no cenário de mercado em evolução.