Investing.com – Parcerias para oferecer soluções logísticas e tecnológicas, mas ainda de olho em fusões e aquisições. Após anunciar a recente parceria com a AmorSaúde, a Viveo (BVMF:VVEO3) ainda não descarta M&As e afirma que tem um pipeline ativo, estando aberta para novas oportunidades enquanto captura sinergias com empresas adquiridas.
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Nesta semana, a Viveo, por meio da Prevena, anunciou parceria com a AmorSaúde com o objetivo de proporcionar soluções facilitadas de compra, com preços até 45% inferiores à média de mercado, para 430 clínicas médico-odontológicas do país.
O Investing.com Brasil conversou em entrevista exclusiva com Thiago Liska, diretor executivo da divisão diagnóstica da Viveo, e Luciana Fonseca, gerente de Relações com Investidores da companhia, que detalharam o andamento desta parceria e próximos passos da empresa, incluindo o objetivo de capturar sinergias com adquiridas, ainda que não descarte novos M&As. No entanto, questionada sobre o assunto, a companhia informou que não divulga guidance.
Investing.com – Como foi o processo para fechamento da parceria com a AmorSaúde e quais principais objetivos que pretendem alcançar? Vão começar por quantas clínicas?
Thiago Liska – A aproximação com a AmorSaúde começou mais ou menos um ano atrás, na sede da empresa, em Ribeirão Preto, onde também nasceu a Viveo. Um dos vice-presidentes da companhia nos procurou uma problemática, pois tinha mais de 400 clínicas, que são empresas franqueadas, então os donos têm uma certa autonomia para o abastecimento, para trabalhar com itens com livre escolha, mas gostaria de uma ajuda para organizar, padronizar e conseguir profissionalizar um pouco mais a aquisição de insumos da clínica. Esse foi o nascimento da parceria. Então nós mergulhamos na problemática deles, identificamos que a gente tinha ativos logísticos posicionados onde eles tinham clínicas, então a nossa logística conseguiria ser uma solução de armazenagem, com uma entrega bastante adequada para a necessidade deles.
A gente tinha um sortimento adequado até mais amplo do que eles queriam. A gente não tinha a parte tecnológica, mas já tinha dentro de casa um e-commerce, uma peça que poderia ser adaptada para a realidade deles, transformar aquilo numa plataforma tecnológica onde eles poderiam se auto servir, ter uma camada de gestão para que o franqueador tivesse visibilidade de como está o abastecimento das clínicas.
A gente desenvolveu essa plataforma em mais ou menos doze meses, ela nasceu em outubro numa versão beta. Pilotamos num número pequeno de clínicas em duas regiões, uma no Nordeste, uma no Sudeste. Fizemos pequenos refinamentos com aprendizagem desse piloto e a gente inicia agora em todas as clínicas.
Inv.com – A Prevena vai oferecer seus produtos aos franqueados da rede de clínicas AmorSaúde. Alguma parceria desse tipo já havia sido firmada anteriormente?
Liska – Bom, é a primeira vez que a gente faz nessa amplitude. A gente tem outros acordos comerciais, mas de menor abrangência, com empresas mais regionais, menores, então eu diria que, pela amplitude, pelo tamanho, pela complexidade, eu acho que é a primeira.
Inv.com – Como a parceria vai funcionar na prática?
Liska – O modelo de negócios é bastante simples. Com definição do sortimento que o franqueador gostaria que as clínicas tivessem acesso, baseado na necessidade, padronização de marcas. Tem ganho porque todo mundo usa o mesmo material, a chance de ter cuidado assistencial mais adequado, uma satisfação do cliente mais padronizada, é maior. Então tem um ganho de padronização dos itens utilizados, tem um ganho de escala de preço e um preço padronizado. Todas as regiões têm exatamente o mesmo preço. Não tem custo de frete, o frete está incluso na mercadoria, então o frete fica por conta da Viveo.
Acho que uma outra inovação que a gente traz é uma visibilidade usando a tecnologia para facilitar o franqueado a encontrar o ponto correto de reposição e não deixar romper aquele item. Essa era uma dor bastante aguda deles, pois a gestão de estoque era bastante rudimentar.
Não tem um modelo muito complexo por trás, eu acho que é a junção de sortimento, know how e amplitude logística com um pouco de tecnologia. Tudo isso junto, entregamos uma solução que para eles é de bastante valia.
Inv.com – Quais as principais metas com parcerias como essa?
Liska – Aqui na divisão de diagnóstico, temos a meta de cada vez mais trazer produtos onde a gente tenha uma exclusividade de distribuição. A gente acha que isso aqui tem um valor, é bastante grande na posição de distribuidor e a gente também consegue é agregar valor no cliente, então a gente olha muito produtos, ou itens fora do Brasil que podem ser trazidos para cá e que possam resultar num acesso interessante para o cliente.
Temos buscado trazer a tecnologia para a jornada do mercado de diagnóstico. Temos um mercado bastante pulverizado, pois atendemos cerca de 3 mil clientes no Brasil. Normalmente no diagnóstico, laboratórios são estruturas pequenas, até empresas familiares. São muito carentes de ajuda, de tecnologia, ou seja, de um processo mais estruturado que uma companhia grande consegue aportar. Então a gente se coloca muito nesse papel de ter uma postura mais protagonista nisso e simplificar a vida é do cliente. É uma ambição se aproximar dos fornecedores que precisam procurar a eficiência de acesso. A gente tem hoje operações logísticas no Brasil todo, com ativos de armazenagem, de transporte, que são muito estratégicos para qualquer companhia. Queremos colocar isso à disposição de mais fornecedores, então a gente aposta muito em acordos comerciais. Buscamos gerar sustentabilidade para o setor através de eficiência de acesso.
Inv.com – Quais as principais metas e guidance para 2024?
Luciana Fonseca – Esse ano de 2023 a gente fez bastante coisa na companhia, principalmente da parte simplificação operacional, então a gente focou muito aqui nas integrações dos ativos, incorporações esse ano a gente fez 17. A gente continua, em 2024, com foco na operação, avaliando onde é possível crescer, em canais que hoje a gente tem pouca relevância. Em hospitais e clínicas, a gente tem a oportunidade de alguns mercados que atuamos hoje. Continuaremos simplificando a nossa operação, integrando os ativos e buscando crescimento em negócios que tem maior rentabilidade.
Inv.com – Fusões e aquisições estão fora de cogitação?
Fonseca – Não. A gente tem um pipeline grande, bastante ativo, em diversos estágios aqui dentro da companhia. M&A também continua, mas não na mesma intensidade. Nos últimos dois anos, a gente adquiriu 19 empresas. A gente vai continuar olhando o mercado, mas em coisas que realmente mexem o ponteiro. Então não vão ser 19 aquisições, aquisições pequenas, que tragam complexidade, igual trouxeram essas últimas, mas que foram importantes pra gente chegar onde a gente está com um ecossistema. Mais para frente, a gente tem um pipeline ainda ativo, mas nada que a gente vá integrar o ano que vem no curtíssimo prazo. Estamos capturando as energias esse ano, ano que vem tem mais sinergias, e temos sinergias que a gente não consegue quantificar hoje, com essa toda essa simplificação, de ter um sistema único para todas as empresas, isso vai gerar uma eficiência operacional. É essa trajetória que a gente começou em 2023, e vai continuar em 2024. Vamos colher esses frutos.
Liska – Depois de um ciclo tão intenso de aquisições, que foram necessárias para montar essas todas as verticais de negócio da Viveo, é natural que a gente fique muito mais seletivo nas aquisições. Que só faça sentido aquisições mais estratégicas, maiores. Esse tipo de ativo não está no mercado a todo momento. A gente continua aberto, continua fazendo parte da estratégia, mas até pela maturidade da formação aqui do ecossistema e do momento da Viveo, ainda temos o dever de casa, de integração, de consolidação das aquisições já realizadas.