KAZAN, Rússia (Reuters) - A jornalista russo-americana Alsu Kurmasheva teve sua detenção prorrogada por 72 horas na sexta-feira em um caso em que é acusada de violar a lei russa sobre agentes estrangeiros.
Kurmasheva é jornalista da Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), com sede em Praga, que é financiada pelo Congresso dos Estados Unidos e designada pela Rússia como agente estrangeiro, o que significa que recebe financiamento estrangeiro para atividades consideradas políticas.
Um vídeo de dentro do tribunal mostrou Kurmasheva sentada em uma caixa de vidro com os braços cruzados, usando uma grande máscara branca sobre o rosto e um casaco preto com capuz cobrindo a cabeça. O advogado de Kurmasheva, Edgar Matevosyan, disse à Reuters que ela se declarou inocente.
Ela é a segunda jornalista norte-americana a ser presa e acusada na Rússia desde o início da guerra na Ucrânia, que afundou as relações entre Moscou e Washington ao seu nível mais baixo em mais de 60 anos.
Depois que o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich foi preso em março sob acusações de espionagem, o que ele nega, quase todos os outros jornalistas norte-americanos deixaram a Rússia. Washington tem repetidamente solicitado que outros norte-americanos deixem o país.
"Esse parece ser outro caso de assédio do governo russo a cidadãos dos EUA", disse o porta-voz do Departamento de Estado Matt Miller na quinta-feira.
O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov negou, dizendo aos repórteres: "Na Rússia não há absolutamente nenhuma campanha para perseguir cidadãos americanos. Há cidadãos americanos que infringem a lei e são tomadas medidas legais contra eles. Não há nenhuma outra campanha e consideramos inapropriado falar sobre isso".
Peskov não comentou sobre a natureza da ação contra Kurmasheva e disse que o Kremlin não estava acompanhando o caso.
(Reportagem de Filipp Lebedev, Mark Trevelyan e Felix Light