A realização de lucros e a pressão das commodities deram o tom do mercado nesta semana, que encerrou negativa em 4% no Ibovespa, com queda em quatro dos cinco pregões. A bolsa segue em seu movimento de alternar uma alta e uma baixa semanal desde que superou os 50 mil pontos em março.
A Vale (SA:VALE5) foi um dos destaques negativos na semana, com perda de valor da ordem de 14% entre segunda-feira e o fechamento do pregão nesta sexta-feira. A companhia foi afetada pela interferência do governo chinês para segurar a subida excessiva do minério de ferro, que cedeu e encerrou a semana na casa dos US$ 58/t para entrega imediata no porto de Qingdao. Pesou sobre a empresa a ação do MPF pedindo reparação de R$ 155 bilhões pelo acidente da Samarco.
Bancos. O setor financeiro também foi fortemente penalizado pelo mercado, com perdas de 4,5% no IFNC, com o aumento da inadimplência que impactou nos resultados trimestrais, especialmente do Bradesco (SA:BBDC4) e do Itaú. A ação da Itaúsa (SA:ITSA4) registrou a maior queda semanal do Ibovespa com -15%, enquanto o Itaú Unibanco (SA:ITUB4) cedeu 8%, após divulgar lucro de R$ 5,2 bilhões, queda de 10%.
Petrobras (SA:PETR4). O cenário negativo interno e a desvalorização do petróleo pesaram sobre a ação da companhia, que cedeu 2% na semana. A empresa acertou a venda das suas subsidiárias na Argentina e no Chile por US$ 1,4 bilhão. Ao jornal O Globo, o vice-presidente Michel Temer afirmou que substituirá o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, em um mês por um nome reconhecido no mercado.
Rebaixamento. A Fitch aproveitou a provável última semana do governo Dilma Rousseff para rebaixar novamente o pais, que passou a contar com nota BB (SA:BBAS3) ainda com viés negativo.
Impeachment. A presidente ficou mais próxima do impedimento com a aprovação por 15 votos a 5 do parecer do tucano Anastasia pela sua saída. A expectativa é levar o texto para a votação no plenário na próxima quarta-feira (11/5).
Michel Temer. O vice-presidente aparenta estar tendo dificuldades em definir seu ministério com a difícil composição de forças para garantir apoio dos partidos no Congresso. Está praticamente descartada a expectativa inicial de reduzir o número de pastas e compor o ministério com uma equipe de notáveis. Na área econômica, contudo, está praticamente definida a ida de Henrique Meirelles para a Fazenda, que indicará os demais nomes.
Eduardo Cunha. Se a presidência está mais próxima do PMDB, o partido sofreu um revés com a decisão do STF de suspender Eduardo Cunha de seu mandato de deputado, com consequente impedimento de manter a presidência da Câmara.
Commodities
Petróleo. A commodity perdeu força no início da semana com o aumento de produção da Opep, que ficou próxima ao recorde histórico registrado em janeiro. O Brent, que alcançou US$ 48,50 na semana passada, voltou a ser negociado abaixo dos US$ 45. O petróleo ganhou força ao longo da semana com o incêndio florestal que afeta a produção das areias betuminosas canadenses, mas não foi o suficiente para garantir a alta semanal. O Brent recuou 6%.
Minério. Dados ruins da China e a interferência do país no mercado para reduzir a especulação nos mercados futuros levaram a commodity para uma baixa semanal. O minério que ganhava força e superou os US$ 65, voltou a ser negociado abaixo dos US$ 60/t, fechando a US$ 58/t nesta sexta-feira em Qingdao.
Soja. A Informa reduziu a previsão da safra de soja para 100,1 milhões de t.
Milho. A seca e o calor intenso nos últimos meses provocaram a revisão das previsões da segunda safra de milho. A AG Rural reduziu para 46,1 milhões de t. A FCStone cortou para 49,84 milhões de t. A Agroconsult diminuiu para 52,5 milhões de t e a Céleres passou a prever 52,8 milhões de t.
Indicadores
Inflação. O IPCA acelerou para 0,61%, com queda no acumulado de 12 meses. IGP-DI reduziu para 0,36%. IPC-Fipe diminuiu para 0,46%. IPC-S subiu 0,49%.
Produção industrial. A indústria avançou 1,4% em março, mas registra perdas de 11,7% na comparação anual.
Produção de veículos. A indústria automobilística produziu 13,6% menos veículo em abril frente a março. Na comparação anual, a queda é de 23%.
Resultados trimestrais
Cielo (SA:CIEL3). Empresa surpreende e divulgou lucro de R$ 1,038 bilhão.
Lojas Americanas (SA:LAME4). Com fraco resultado, varejista reverte lucro e anunciou prejuízo de R$ 23,9 milhões.
Gafisa (SA:GFSA3). A construtora apurou prejuízo de R$ 53,2 milhões.
Estácio. Lucro caiu 1,6% com aumento da inadimplência. Empresa crê na redução desse indicador no segundo semestre.
Braskem (SA:BRKM5). Petroquímica registra lucro de R$ 747 milhões e passará a contar com Fernando Musa como CEO, no lugar de Carlos Fadigas.
Magazine Luiza (SA:MGLU3). A ação disparou nesta sexta-feira após lucro trimestral de R$ 5,2 milhões, superando as expectativas do mercado.
Gol e Smiles (SA:SMLE3). A aérea anunciou uma restruturação de sua dívida com desconto de 30% no valor, proposta recusada pelos credores estrangeiros. O noticiário negativo seguiu com a queda na demanda por voos de 11,5% em março. As ações oscilaram entre alta de 28,5% – com a possibilidade do governo Temer aumentar o controle das aéreas por capital estrangeiro – e queda de 17%. Já a Smiles apurou lucro 70% maior, de R$ 118,4 milhões.
Ambev (SA:ABEV3). A maior empresa listada na bolsa brasileira registrou queda de 2,3% no lucro, que fechou o primeiro trimestre em R$ 2,89 bilhões.